Podcast D30

Encontro D30: alguns ciclos precisam ser mantidos

O último Encontro D30 foi marcado por algo tão especial que eu fiquei com uma vontade doida de compartilhar com vocês. Quer dizer, especial pra mim, mas espero que gostem do relato.

No dia 19 de maio, enquanto rolavam as mesas da manhã, uma pessoa curiosa acabou entrando no Sesc em busca de informações sobre o que era esse jogo “que já tinha ouvido falar, mas nunca joguei”. Fiz questão de dar uma boa passeada com ele pelo evento, explicando como era a dinâmica da coisa, como é um passatempo super saudável que te deixa com vontade de ler e de exercitar a criatividade. Em curtas palavras, estava recrutando um novo jogador.

Ao ir passando pelas mesas, nos detivemos em uma daquelas salinhas de grupos de estudo que ficam no final da biblioteca, mais especificamente aquela que possui uma janela de vidro. No caso, ela estava ocupada pelo grupo das crianças, que estavam super envolvidas na narrativa do mestre. Foi então que o papo se voltou para “qual é a melhor idade para começar a jogar?”

Pequena observação: eu adoro quando surge esse debate, pois eu nunca vi uma variável tão inútil quando se trata de RPG. Idade, pra mim, é algo completamente inútil, você pode colocar uma criança que acabou de ser alfabetizada para jogar, da mesma forma que um idoso pode escolher jogar para exercitar a cabeça. Enfim, falamos um bocado sobre este assunto, e o curioso foi embora satisfeito por ter conhecido algo diferente.

Como já compartilhei algumas vezes por aqui, tive meu primeiro contato com RPG aos 10 anos de idade, por intermédio de duas primas gêmeas que haviam voltado de intercâmbios nos Estados Unidos. Elas jogaram D&D, e me apresentaram esse universo que me engoliu e eu nunca fiz nenhum esforço para sair.

Foi só nesse momento, após a saída do curioso, que eu reparei numa coisa que me deixou com aquela sensação de “explosão de cabeça”, pois as crianças que estavam jogando na salinha estavam com suas mães – que eram as minhas primas. Sim, hoje elas estão na casa dos 40, mas o mais legal foi que as filhas delas (e uma coleguinha), de respectivamente 11, 10 e 8 estavam tendo seu primeiro contato com o RPG ali na minha frente, no evento D30. 

Não vou fingir que não fiquei um tanto emocionada quando me toquei desse lance. Minhas primas tinham 18 anos quando apresentaram o RPG para a priminha de 10 anos (eu). E hoje, 23 anos depois, eu apresento RPG para as filhas delas na mesma idade em que eu estava. Parem um segundo para pensar no quanto isso é doido!

Podem me chamar de emotiva, manteiga derretida, ou seja lá o que for, meus olhinhos encheram d’água. Vi ali um ciclo muito bonito onde os mais velhos passam aos mais novos algo lindo, extremamente saudável e incrível: o desejo de viver e contar histórias. Na boa, acho que as gêmeas não faziam ideia do quanto elas estavam afetando a minha vida naquele dia…

Arrisco dizer que esse foi o Encontro D30 mais importante pra mim. Era uma alegria que não cabia aqui dentro e eu queria compartilhar com vocês. Sério, olhem essa foto! Dá pra sentir a alegria daí?

PS. Agradecimento especial ao mestre, Chico, porque as meninas amaram!