Podcast D30

Quem tem medo de adaptações para RPG?

Quem nunca disse “puxa, isso daria um ótimo RPG!” depois de assistir sua série ou filme favorito? Mais ousado aquele que não apenas disse, mas acabou fazendo uma dessas adaptações. Dizem que todo rpgista sonha em criar seu próprio rpg e uma adaptação pode fazer parte desse desejo.  Então venha comigo desvendar os mistérios da Criação do RPG que não é esse Tiamat todo e pode reacender as chamas daquele seu grupo que já está cansado do velho D&D.

Duas coisas me motivaram a fazer esse artigo, a primeira foi uma conversa que tive outro dia com um amigo, estávamos em um aniversário falando sobre jogos (sim, eu sou esse tipo de Nerd). Ele me disse que estava com uma ideia para fazer um RPG de Avatar (o desenho animado) e perguntou se eu conhecia algo parecido. De início pensei em alguns sistemas onde o cenário se encaixaria e disse para ele dar uma olhada, mas vou manter contato com ele pra ver como anda o projeto. O segundo motivo veio do ultimo Encontro D30 onde tivemos uma adesão bastante alta ao tema do evento (Séries de TV). Quem aderiu à brincadeira teve o desafio, e o prazer, acredito, de trazer sua série favorita para um sistema de rpg  ou seja, adapta-lo! Tambem vou utilizar algumas coisas ditas aqui para iniciar um próximo artigo que estou planejando, mas vamos ao que interessa.

O que adaptar?
Essa é certamente a primeira pergunta que se deve fazer, e lhe digo: o que diabos você quiser, desde que seja divertido para o grupo (e com grupo eu quero dizer jogadores E mestre). Quando estamos falando de RPG eu acredito que tudo pode ser adaptado para um sistema próprio ou um já existente. A única preocupação nesta fase inicial é o que seria divertido trazer para o nosso mundo dos dados. Jogos de videogame e desenhos de ação costumam ser uma transição quase natural e mais garantida para uma partida, ou quem sabe uma campanha, divertida entre mestre e jogadores. Mas há aqueles que envolvem mais do que poderes e combates, séries de investigação e filmes de suspense podem trazer um toque mais desafiador ao jogo. Então tudo depende do que você está disposto a trazer para a mesa e o trabalho que quer ter com isso, o que nos leva para a próxima pergunta.

Que sistema usar?
Essa é uma etapa importante, pois aqui é onde teremos a essência do seu jogo, é onde devemos analisar todas as características atraentes e marcantes da adaptação e descobrir qual sistema pode trazer essas características da forma mais viva e prática para o jogo, pois não basta ser apenas bonito, tem que ser funcional. Isso nos trás duas opções, sistemas existentes e sistemas próprios.

Usar sistemas já existentes como base para uma adaptação é certamente o jeito mais fácil de alcançar esse objetivo já que existem inúmeros sistemas que foram criados para esse tipo de abertura criativa. 3D&T é o primeiro que me vem à mente, por já ter visto vários cenários, principalmente de jogos e animes, em adaptações divertidas e fieis para os fans.  Assim como GURPS, que se tornou alvo de grandes nomes como Conan e até Fallout. Mas ser fácil não significa menos trabalho, pois nem sempre é possível trazer fielmente tudo que queremos da obra a ser adaptada para o RPG, algumas vezes é preciso fazer modificações nas próprias regras do sistema para que ele se encaixe perfeitamente ao cenário escolhido.

Fiz isso no último Encontro D30, quando fiz uma adaptação de Battlestar Galactica em cima do sistema de Lady Blackbird, e precisei alterar algumas regras básicas, como utilização das Chaves e Segredos, para manter a fidelidade à série.  E quando isso não for possível é preciso deixar aquela característica de lado ou ao menos diminuir sua efetividade dentro do jogo para que as pontas fiquem devidamente amarradas.

Obs1: Eu estou com planos de trazer Halo e Gears of War para o sistema de 3:16 Carnificina entre as Estrelas, mesmo sem conhecer tanto assim o sistema. Então não deixe que o medo do  desconhecido lhe impessa de continuar o projeto  ok?

Mas se quer algo fiel e do seu jeito então criar seu próprio sistema é a melhor opção. É o caminho mais longo e o mais trabalhoso, mas também é o mais indicado para aqueles que buscam nada além do conjunto de regras e mecânicas perfeitas para a sua adaptação. Mas para isso, será preciso um conhecimento aprofundado sobre o universo que pretende trazer para a mesa. E a não ser que você seja o John Bogéa e crie um rpg redondo a cada espirro, precisará de muito tempo e dedicação para deixar seu rpg em perfeito estado para o seu grupo.

Obs2: Criar um novo sistema será um tópico melhor aprofundado no futuro por mim aqui mesmo no D30 então fiquem de olho.

Como saber se fiz uma boa adaptação?
Meu último conselho, mas de fato o mais importante deles, é que depois de escolher a obra, o sistema, e fazer todas as mudanças necessárias para que ele fique do jeito que você planejou, JOGUE!  Isso mesmo, teste quantas vezes puder, de preferência com grupos diferentes, com experiências diferentes, tanto jogadores que já conhecem a obra de adaptação como os que nunca ouviram falar. Minha experiência com a adaptação de Battlestar Galactica não saiu como eu planejava, mas estou revendo tudo que se tornou um obstáculo dentro de jogo para mudar e o próximo grupo que jogar se divirta ainda mais do que o primeiro! Pergunte sempre aos jogadores o que eles acharam do jogo, do cenário, e das regras, esteja sempre aberto a críticas e faça mudanças sempre que ouvir um comentário relevante.

Espero ter desmistificado um pouco este assunto tão comum entre os rpgistas, sejam eles veteranos ou novatos. Devemos perder o medo do desconhecido e do novo e cair de cabeça em novos projetos que possam ser divertidos para nós e nossos amigos! Façam suas adaptações de jogos, séries, filmes, desenhos e mandem para nós do D30, ficaremos felizes em publicarmos sua ideia e você ganhar a devida apreciação pelo seu trabalho!

Um grande abraço para todos, desligando.