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D30 Entrevista: Daielyn Cris

Daielyn Cris é uma jovem designer que desde cedo se apaixonou pelo mundo dos jogos, desde que se interessou pelo Super Nintendo. “Sempre adorei os JRPGs estilo Final Fantasy e Grandia e passei um bom tempo brincando com o RPG Maker”. E além de acompanhar os jogos de consoles, passou horas se viciando no Ragnarok e testando novos MMORPGs.

Já o RPG mais tradicional surgiu em sua vida quando o pai comprou o primeiro computador da família e ela passou a jogar através de fóruns e salas de bate-papo, que eram o mais próximo do RPG de mesa que ela tinha na época! Mais tarde, conseguiu participar de sessões de mesa com uma campanha com o 3D&T, depois testando outros sistemas como o D&D e Tormenta.

E o hobby fez tanto a cabeça de Daielyn, que seu Trabalho de Conclusão de Curso de Design, teve o objetivo de desenvolver o projeto gráfico interativo do livro-jogo “A Cidade dos Ladrões”, um clássico de Fighting Fantasy do inglês Ian Livingstone. O projeto tomou corpo e foi apresentado ao próprio escritor que adorou a ideia! A jovem designer não parou por aí e já mostrou muito de seu potencial realizando um trabalho para uma das maiores editoras do país, a Jambô. E nesse ponto começamos um bate-papo maneiro, confiram:

Você trabalhou como designer de livros-jogos da editora Jambô, como foi a experiência:
Sim, foi um trabalho freelance no qual desenvolvi o projeto gráfico e algumas ilustrações do título que inaugurou a série de livros-jogos da editora ambientados em Tormenta, o Ataque a Khalifor. 

Projetar o livro e acompanhar sua publicação foi uma experiência nova e muito bacana para mim. Durante o processo eu tive contato direto com o Guilherme, editor-chefe da Jambô e autor de Ataque a Khalifor, que me forneceu todas as informações necessárias e contexto para a criação do livro-jogo. 

Através da coleta de dados, pesquisa e análise da história pude definir então a linguagem visual que viria a compor a peça. Apresentei um mockup inicial das páginas variantes, moldura, algumas ilustrações e ícones, e então realizei a diagramação completa com o texto pronto e revisado. Paralelamente ótimos ilustradores trabalhavam nas ilustrações de página inteira, vinhetas e capa.

Atualmente você trabalha com o que?
Eu trabalho como Designer em projetos variados do ramo, principalmente com o desenvolvimento de interfaces para web, mobile, campanhas de marketing, projetos de marcas, livros e ilustrações.

No ano passado você conheceu o Ian Livingstone, um dos maiores nomes do RPG, como foi o encontro?
Foi incrível! O Ian Livingstone é extremamente atencioso e receptivo a cada fã, ele conversou, tirou foto, mostrou sua coleção de livros-jogos e falou com muito carinho sobre os artistas que já ilustraram suas obras. 

Admiro muito o Ian por sua contribuição ao universo dos jogos, seu trabalho para incluir computação e programação nas escolas, e, principalmente, por estar sempre atendo as mudanças no mercado e aberto as novas oportunidades.

Além disso, você apresentou uma proposta de novo design para um dos maiores clássicos do Livingstone, o livro “A Cidade dos Ladrões”. Como surgiu esse projeto e qual foi a recepção do autor?
O projeto surgiu durante minha faculdade, foi meu trabalho de conclusão do curso de Design, no qual pude unir duas paixões: design editoral e RPG! A Cidade dos Ladrões, como livro-jogo, oferece um nível de interação com o leitor diferente de outras obras tradicionais, e visando explorar esse potencial interativo da narrativa de forma visual e sensorial que desenvolvi o novo projeto gráfico. O Ian Livingstone ficou muito entusiasmado ao ver as imagens do livro e apoiou muito a ideia, pude lhe enviar uma cópia e ainda tive a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente e pedi que autografasse a minha!

Quais outros projetos você está fazendo parte ou tem em vista?
No momento estou trabalhando em uma ideia para um projeto autoral. Gostaria muito de publicar um livro infantil ou um quadrinho próprio.

Com o sucesso do seu trabalho na área de jogos, o que você pode falar para pessoas que querem seguir esse caminho? Como é o mercado?
O mercado de jogos é segmentado em várias áreas, por isso é comum que cada pessoa trilhe um caminho diferente de acordo com a carreira que ela pretenda seguir dentro dessa indústria. Você pode trabalhar com roteiro, sonorização, programação, design, concept, texturização, teste… as possibilidades são inúmeras, e sua função também pode variar de acordo com o tamanho da empresa que estiver trabalhando ou se estiver produzindo de forma independente. 

Como designer, acredito que a formação acadêmica seja importante para conhecer sobre processos, técnicas, pesquisas e como aplicá-las em um produto, seja ele um jogo ou um livro por exemplo. Além de que você poderá se aprofundar mais nas especializações com quais se identificar aproveitando que está em um ambiente de aprendizado que possivelmente lhe abrirá as primeiras portas no ramo.

Se seu objetivo é mais focado em uma carreira artística, criação de personagens, concept, etc; é importante treinar sua técnica e se aprimorar, manter um portfólio atualizado e em como qualquer outra área, desenvolver a sua comunicação. Difícilmente o desenvolvimento de jogos será um processo solitário.

 Rapidinhas (HQ, filme, livro, RPG, Game):
(Eita, só um!?)

HQ: Ye

Filme: Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

Livro: Dragões de Éter: Corações de Neve

RPG: D&D 5

Game: Kingdom Hearts 1

Partida de RPG mais legal?
Foi durante a minha primeira campanha no cenário de Tormenta com o objetivo de recuperar os Rubis da Virtude. Era uma missão clássica onde enfrentamos um dragão no final da dungeon, como foi uma aventura com amigos muito queridos e engraçados, aquela sessão foi marcante para mim.

Personagem mais maneiro?
Gandalf

Aventura mais épica?
A jornada para destruir o Um Anel.

Se pudesse escolher, em qual história consagrada gostaria de trabalhar?
Ficaria muito feliz em poder trabalhar em qualquer obra do Neil Gaiman.