Era uma vez um garoto em seus 14 anos de idade. Ele tinha um único grupo de amigos que jogavam RPG e eles se reuniam aos domingos para jogar GURPS, afinal, domingo era dia de jogo sempre, já que durante a semana todos estudavam e tinham dever de casa.
Aí o garoto foi crescendo e os jogos foram ficando mais raros – embora ele mantivesse o velho grupo com algumas variações em sua formação – e ainda assim, domingo era dia de jogo.
Veio a idade adulta. Com ela, as responsabilidades. Por um período de alguns poucos e sofridos anos, RPG se tornou mais raro ainda e o garoto, agora um cara, tinha que se programar muito bem para conseguir jogar com o antigo grupo. Muitos nem mesmo jogavam mais. Tinham crescido e ficado chatos.
Então, o cara passou a ser um desses rpgístas que reclamam por não ter grupos fixos, de qualquer cenário ou sistema de RPG. Mas isso não durou tanto tempo assim. Ele montou um grupo novo, e mais um e mais dois…todos durante a semana.
E aí você pergunta: o que houve com o domingo de RPG?
Bem, é um fenômeno engraçado. Com a idade adulta, muitos caras (e moças) se casam, têm filhos, trabalham como cães sarnentos filhos de um demônio (xingamento estilo Conan) durante a semana inteira e o que lhes sobra de lazer é o fim de semana.
Muito bem…então…domingo de RPG?
Não. Pois os filhos não estão na escola. Ou o cônjuge está também de folga ou a pessoa gosta de dormir no domingo à tarde. Enfim, são mil coisas que fazem com que os caras e as moças, que antes adoravam jogar RPG aos domingos, decidam por jogar com os amigos em um ou mais dias de semana, à noite, após o trabalho.
Isso tem acontecido muito. E não é apenas isso que acontece com o rpgista na faixa dos 30-50 anos de idade. Muda (ao menos aqui em Brasília) também a vontade de jogar coisas diferentes. Talvez pelo acesso que hoje temos (sim, nós ficávamos sabendo sobre RPGs diferentes por meio de xerox de amigos e não pela internet de hoje) às novidades do nosso hobby ou pela quantidade de amigos e contatos nesse mundo.
Ok…aí você tem seu bom e velho grupo de D&D. Todos têm um, vai…
Mas não. Você quer mestrar ou jogar Savage Worlds, Call of Cleiton (sim, xuxulu é dificil de escrever), Mutantes & Malfeitores, Star Wars, Star Trek, Pendragon, aquele RPG novo que saiu totalmente indie ou até mesmo Fiasco, que nem RPG é.
Você…quer…jogar…tudo. E com grupos de amigos diferentes ou misturando grupos. E aí você se dá conta de que não dá conta. Simplesmente não consegue.
Principalmente se você for o mestre.
Aí você intercala semanas, datas, horários, tentando jogar com todos os seus grupos. Chega em evento e alguém comenta sobre um novo RPG e você vai e entra em um novo grupo.
Bem, isso já aconteceu comigo. Tenho certeza de que acontece com vocês…
Como resolver? Olha…não tem muito o que fazer. Você precisa lembrar de que você é adulto e tem responsabilidades. E que não dá pra jogar todos os jogos do planeta e que, se você for mestre, é difícil preparar jogos semanais ou até quinzenais para 4 ou 10 grupos de pessoas. RPG é relaxamento e felicidade. Não deve ser motivo de stress.
Meu conselho, por mais que doa, é: diminua o número de grupos ou tente ser mestre em apenas UM…ou dois…ou…parei. Juro.
Tente mestrar campanhas curtas e passe a bola para seus amigos de grupo. Ou jogar one-shots (aquelas aventuras de uma partida só) para conhecer novos sistemas e cenários.
Sua saúde agradece, seu cônjuge agradece, seus filhos, e as séries que você deixa de ver pra ter tempo de jogar também.
Jogar RPG durante a semana pode ser lindo para sua vida estressante de trabalho. Mas você precisa ter moderação até mesmo com esse hobby lindo e perfeito que é o nosso.
Meu nome é Gene e eu tenho 4 grupos de jogo atualmente…sou mestre em dois. O_O
Só por hoje.
Comments
Pois é, pior que isso acontece mesmo. A gente acaba achando q dá conta… doce ilusão…
Se por outro lado é bom ter opções de jogos e grupos, por outro a gente se desgasta bastante.
Isso sem falar na montanha de livros que ficam ali na estante, aguardando ansiosamente para serem utilizados.
Mas ainda assim, é melhor do que não ter com quem jogar, né…
Obrigado por me esclarecer o por quê de eu não ter mais um grupo há anos, desde a faculdade: Continuei querendo jogar no fim-de-semana em vez do happy-hour! Que solução simples e elegante! Obrigado!