Malditos Goblins! Vale a pena jogar com um fracote?

O que se pode falar sobre um jogo em que você encarna a pele asquerosa de um descerebrado goblin fedorento?? E se eu acrescentar que, para agir como um débil humanóide diminuto e fracote, o livro de regras apresenta meras 7 páginas – descontando a cômica introdução, capa, contracapa e última página que totalizam 12.

Fala a verdade: com tudo isso (ou só com isso), acho que se você prefere jogos com muito conteúdo ou um sistema rebuscado, não terá muito interesse em perder dez minutos lendo as simplificadas regras deste aqui, não é mesmo? Não se engane com os detalhes minimalistas, pois a máxima “às vezes menos é mais” se aplica perfeitamente à essa pérola criada pelo Coisinha Verde.

De cara, vejo um sistema PERFEITO (note a caixa alta na palavra) para one shot, eventos ou encontros, uma vez que se tem personagens prontos em menos de dois minutos, apenas anotando características roladas no d6. Isso mesmo, todas as três características do seu personagem, assim como os quatro atributos (Combate, Conhecimento, Habilidade e Sorte) são decididos em apenas quatro rolagens de dado, sendo que uma adicional pode ser feita se você quiser que o jogo “escolha” seu nome.

Ao todo, os goblins podem “evoluir” até um 3º nível, embora seja mais fácil morrer antes – lembre da última vez em que jogou com um aventureiro e quantas destas pestes deu cabo, aí entenderá do que estou falando. No jogo, existem alguns “tipos” de goblins com cores, aspectos e habilidades diferentes, todas variam de acordo com a rolagem dos dados e é possível, por exemplo, ter um goblin mercenário, gordo e  amarelo, ou então um que seja um xamã vermelho e gago. Isso dentre vários tipos e estilos, onde cada característica altera a ficha do personagem.

O manual básico é realmente completo com descrições destes pequenos seres, regras, dicas de ambientação e o melhor de tudo: um texto leve e descontraído (veja o final do livro, que tem perguntas e respostas com o autor Tiago Junges). Além disso, dou um mérito especial pela ousadia do Tiago, em fazer um RPG divertido e totalmente nacional com ilustrações do Bruno Junges.

Quando me lembro de partidas animadas com jogos como Toon, Paranóia e 3D&T (chorem fãs hardcore, mas esse é um jogo legal e divertido sim), que têm muitas páginas de regras, tenho certeza de que Malditos Goblins vai proporcionar algumas horas de muita diversão e risadas dos players e também do mestre. Ah, quase me esqueço: o livro contém uma regrinha SENSACIONAL que ajuda na interpretação de um goblin, e aumenta as risadas da partida, mas só deve ser usada pelos jogadores mais “sem juízo” e/ou “pertubados”, (é trabalhoso fazer a voz de uma criatura bizonhenta como um goblin, eu sei bem, tenho conhecimento de causa nessa presepada hahahaha).

Enfim, recomendo este RPG não por ser um produto 100% brasileiro, não pela facilidade de leitura com poucas páginas, não pelas ilustrações cômicas ou pelo sistema simplificado. Recomendo pela garantia de diversão que ele vai te proporcionar, seja uma partida de 20 minutos quanto uma de três horas. Vale a pena ser um maldito goblin!

Goblins webcomics pode ser uma inspiração para jogar Malditos Goblins

Sobre Janary Damacena

Janary Damacena escreveu 164 posts neste blog.

Sempre interessado em narrações fantásticas e de horror, apreciador de boa interpretação e defensor da regra de ouro.

Comments

  1. e onde encontramos essa “perola” pra comprar? eu acho que vi na RPGCON2010 mas nao tinha mais grana!

    1. Você baixa de graça no site do Coisinha Verde

  2. vocês leram o quadrinho? acho genial essa história do “poorly locked treasure chest”. essa foi uma adição minha na hora de editar… o Janary nem tem culpa!

  3. Amigo Larcher, o texto final é uma arte que o editor faz com os rascunhos do repórter. (ouvi essa de um editor, claro!)

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